Ciclo Sem Sentido

Gritar é lutar sem sofrer.
É apenas fazer com que saibas que eu estou lá, mostrar que tenho ideais.
Não quero ser superior com o meu tom esganiçado que te faz querer calar-me. Quero marcar presença.
Se grito jamais poderei fugir, saberás onde me encontrar. Porque falo em fugir se quero ficar?!
Porquê ficar sem gritar?
Assim apenas me sentirás. Sentes?
Sinto que quero ficar e marcar. Estar e não mexer. Respirar e sentir.
Abro os olhos. Vou agora falar.
O tom é diferente, marca outra posição. Postura mais calma e até quem sabe deveras engraçada.
Tem piada...começamos a discutir. Esboço então um sorriso. Estranha forma de sorrir.
Será real?
Fizeste com que fosse para além do real, é sincera. Parece-te falso! Não o posso negar, não sou boa em disfarces.
Ou talvez, quem sabe, sou melhor do que penso ser.
Tem doído. Finjo ser apenas uma ligeiro impulso de dor. Não o vou deixar permanecer.
Ele permanece. Resta disfarça-lo e mostrar o sorriso não real.
Choro lacrimejando. Contradigo-me! É bom demais para ser verdade. Mantém! Verdade? Não me iludo. Mantenho a interrogação da palavra será.
Elas caem-me pelo rosto, refrescam-me o olhar. Mas já não gritávamos, nem discutíamos. São eternas, sempre presentes quando mais preciso delas.
Defendem-me! Com ou sem sorriso, com ou sem riso. Protegem-me da marcação de posição de outrem, mas quem? Quem quererá esganiçar-se comigo?
Espero que ninguém.
Procuro silêncio. Chiuuuu. Vamos desfrutar.
Algo me diz que não estou só. Sentimento tão apreciado. Rodeiam-me! Agradável saber que aí estão e ficarão.
Vão ficar não vão?! Parem! Fiquem onde vos possa ver.
Já eu permaneço. Não saio, não mexo, não quero, não penso, não grito, não falo, não vejo, não rio, não sorrio, não choro.
Aguardo. Fico e sinto.


03 de Setembro 2008

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