O Amor de Hoje

Hoje eu cresci! Ouvi a palavra amor!
Não sei quem a designou como boa. Não sei quem a qualificou. Não sei quem a escreveu. Não a sei escrever. Não a sei usar.
Mas sei senti-la.
Parece uma pequena flor. Quer crescer. Precisa que todos os dias lhe pareçam perfeitos, mas quer que esses mesmos dias tenham obstáculos.
Gritos destemidos assustam-na. Choros alimentam-na. Sorrisos acariciam-na. Beijos… esses fazem-na bela.
Mas esta nunca vem só. Desfaz-se e cria mais. Ensina-me outras palavras. Mostra-me que há outro eu. Mostra-me que há quem complete esse mesmo ‘eu’.
Vi que há vários tipos de amor…e o que mais gostei foi o Amor Platónico.
Simples e sem complicações. Vives dentro de uma caixa isolada com quem amas. Mais ninguém importa. Lá podes ser feliz. Ficas com um sorriso de orelha a orelha. Sentes o coração acelerado de tanta paixão. Mas há um dia em que a caixa se desfaz.
Cá fora, grita-se, mente-se, julga-se, ataca-se, destrói-se, ilude-se. E quando vais a ver já não me amas. A perfeição não existe.
Se é assim eu não quero sentir esse amor.
Gosto do amor em que se vai à luta. Gosto do amor que é puro. Gosto até de acreditar no amor á primeira vista.
Nunca acreditei neste tipo de amor. Quem é que no seu perfeito juízo olha e ama? Eu!
Arrebata-nos o peito. Leva-te para junto do teu oposto como se de um íman se trata-se. Quero lá ficar agarrada. Sentir a pressão dos olhares, a inveja da minha felicidade, o ódio dos inimigos, o mal dizer de quem não aprova. Sentir-te!
Quando tudo isto acontece de repente procuro uma explicação lógica. Uso a cabeça.
Se amo, é porque gosto. Se gosto, é porque cuidas de mim. Se cuidas de mim, sorrio. Se sorrio, estou feliz. Se estou feliz, porque choro?
Trata-se da perda. Medo de ver a destruição do amor. Não basta inicia-lo e termina-lo como um passo de mágica. Faço as poções certas de sentimentos, para que nada o apague ou estrague. Sou eu mesma sem ilusões.
Nunca falar de amor pareceu tão fácil nem banal para mim. A verdade é que nunca me tinha debruçado sobre tal. Nunca quis pensar. Nunca o quis sentir. Daí desconhecer.
Mas minto. Já o confrontei. E como qualquer outro, fiquei cega. Ele consome-nos, mas recarrega as perdas. É especial.
Sei também que o mais forte não é amar. Até porque dizer “Amo-te!” é cada vez mais banal. E quem o diz está sempre à espera do momento certo para o dizer. Não há o momento certo. Ouves apenas um sininho que te diz: Agora!
Antes de passar por todos estes reboliços de sensações, passo pelo sentimento mais bonito e não sou capaz de o ignorar.
O Adorar. Aquele sentimento forte e verdadeiro. É ele que comanda o sininho. É ele que eleva o sentir, o querer, o gostar, que tem de ser sempre demais, não pode ser apenas um pequeno e descuidado sentimento.
Adorar aquela peça que descobriste e te preenche. Sabes que existe um vazio dentro de nós se não adoras e não amas? Sim, é verdade.
Esse vazio é um tanto ao quanto instável. Faz-te pensar muitas vezes e principalmente faz-te cometer erros. Já o havias preenchido e ele voltou a soltar-se. Não queria o recheio que lhe deste.
O meu vazio é confuso, mas decidido. Confunde-se no querer e no odiar.
Odeia quando se deixa preencher sem ter certezas de nada, ou quando que o preenche não merece. Quer ser preenchido por alguém que lhe dá o bater forte do coração. Procura o encaixe perfeito, e encontra-o.
Preenches o contorno perfeito desta minha peça perdida em vão.
Perfeição que é alcançada depois de uma enorme luta travada com o desconhecido. Deixo escapar entre os dedos pequenas partes de ti. Mas volto e não desisto. Não pode ser assim tão fácil.
Quero sentir o sentimento máximo, quero amar! Quero chegar aonde nunca cheguei. Quero que chegues ao amor verdadeiro.
Não posso ser apenas eu, ou apenas tu. Temos de ser os dois. Temos de ser um.
Frases fáceis de dizer, e tão complicadas de concretizar.
Mesmo assim não baixo os braços, nem deixo a cabeça cair.
Vou senti-lo!

09 de Fevereiro 2009, 05h40min

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