Um Eu

Eu.
A primeira pessoa. Nunca ninguém me soube explicar o que é ser um “eu”.
Subjectividade. Tudo é pessoal. Opaco. Ninguém me vê ou conhece por dentro.
Há cantos, esconderijos, lugares inalcançáveis lá dentro. Há luzes brilhantes que iluminam em dias mais felizes.
Reflexo, espelho da alma estampado no rosto.
Sorrisos, choros. Lágrimas e gargalhadas. Espantos e admirações. Choques e alegrias.
Não sei porque insistem em ser reflectidos, são tão inconvenientes. Teimosos e persistentes. São tão agradáveis, bonitos, louváveis.
Feitio. Para muitos uma virtude e para outros tantos um defeito.
Nem virtude, nem feitio. Apenas o meu doce mau feitio.
Difícil de compreenderes. Próprio de um “eu” que a mais ninguém pertence.
Deram-mo ainda muito pequeno e a precisar de cuidados. Acariciei-o e fi-lo crescer.
Era tão dócil e frágil. Agora não o pode revelar. É Maior que os homens e mais forte que as mulheres. Mas ser mulher não implica fraqueza. Eu própria o sou.
Sou uma menina que aprendeu a ser mulher quando assim precisa, pois adora ser pequena criança de colo que recebe elogios e amor.
Já tem idade para amar e odiar, mas é tão difícil executar o sentir.
Não existe um botão para o qual eu esteja programada. Ninguém me domina.
Chicoteio-me de forma a obedecer aos meus queres e vontades. Não sou obrigada a nada, apenas livre de escolher.
Livre para dizer não!
Teimosa e orgulhosa. Lutadora da verdade. Osso duro de roer.
Pequena flor caída num imenso jardim. Não conhece os ramos caídos, nem as folhas caídas ao seu lado. Teme.
Medo do desconhecido. Pé ante pé segue em frente. Quão maravilhoso é descobrir. Meiga curiosidade.
Partilho-a. Devo dar-me a conhecer.
Muito prazer. Encantada estou por me apresentar.
Fecho os olhos para que não veja a reacção de quem me observa e analisa.
Não aguento. Decido perguntar se gostam do que vêem.
Opiniões diversas. Alimentem-me o ego com elogios, orgulhem-me com críticas. Sabem tão bem.
Vou directa ao assunto, deixem-se de rodeios.
Esta sou eu.
Impiedosa e sem temer o magoar. Como dói. Não hesito, mas não mo façam. Puro egoísmo. Amor-próprio.
Quem mais devia eu amar?!
Mereçam-no. Tudo darei, se não me passarem por cima.
Às vezes acontece. Eu não volto atrás e termino. Trato e mimo-me. Cuido de mim.
Divago na escrita. Nada me dá mais prazer. Identifico-me e identifico-vos.
Suaves trocadilhos de apresentação.
Conclusões precipitadas. Tirem-nas. Mais tarde reconhecerão.
Erros, atitudes, desejos e anseios.
Termina como eu.

10 De Fevereiro de 2009 ,6hoomin

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